segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Recordar"


 
Há momentos em que o ser humano se remete a lembrar aquilo que se passou ao longo da sua vida, por mais longa ou curta que esteja a ser. Nesses momentos de puro silêncio e melancolia, a pessoa sente-se reconfortada com as boas lembranças que memorizou… mas também aquelas que lhe custaram mais a passar.
No entanto, temos uma queda incrível para ser sempre pelas coisas más que nos levam a este tipo de viagem mental. Pensamos que “talvez se eu tivesse feito isto desta maneira…” “… ou até ter falado isto naquela altura…”.
O mais irónico é que não nos vale de nada voltar a lembrar isso, nem muito menos pensar que faríamos algo de maneira diferente: se tivéssemos voltado atrás no tempo, iríamos ser as mesmas pessoas… fazer os mesmos erros… passar pela mesma dor…
Mas, no final, vinha sempre o reconforto que voltaríamos a erguer a cabeça, a viver o dia-a-dia e a ser de novos felizes!

1 comentário:

  1. Lembro-me como se tivesse sido ontem de, com não mais de 6 ou 7 anos, estar a caminho da escola para casa e começar a nevar. A neve era normal e não aconteceu nada de extraordinário nessa viagem, e no entanto recordo-a perfeitamente. Por outro lado, passaram por mim anos inteiros que não consigo justificar, para os quais não arranjo explicação, dos quais não recordo coisa alguma, pelo menos sem grande esforço.

    As recordações mais marcantes foram tantas vezes contadas e revividas que a memória original já não é mais do que uma sombra gasta, mas pessoas e situações que julgava há muito esquecidas ressurgem de repente em sonhos, ou em "momentos de puro silêncio e melancolia".

    Acredito que existe um feedback constante entre o passado e o presente: as nossas experiências definem em grande parte a nossa personalidade (mesmo que não as recordemos), e à medida que esta se desenvolve vamos reinterpretando o passado à luz da nova visão do mundo.

    No que diz respeito ao nosso mundo interior subjectivo, o passado não passa de informação não muito fidedigna e parcial, e da forma como interpretamos essa mesma informação. Quando recordamos, estamos a reviver uma memória, mas nós não somos já a pessoa que gerou essa memória, pois a experiência que recordamos alterou-nos! Assim, não faz sentido julgar o passado. Todos fizemos o melhor que sabíamos e podíamos.

    Com o tempo, as más recordações deixam de ser importantes e o que fica é o amor, a amizade, as estrelas, o mar e as montanhas.

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